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25 de Abril de 2024

Apropriação de bens de idosos é crime

Uma fase da vida não respeitada, ser idoso esta deixando de ser sinônimo de respeito, descanso e dignidade.

Publicado por Euclides Araujo
há 7 anos

Apropriao de Bens de Idosos Crime

A Central Judicial do Idoso é um projeto pioneiro do TJDFT, do Ministério Público do DF e da Defensoria Pública do DF. Atua no acolhimento aos idosos do DF que têm seus direitos ameaçados ou violados e que necessitam de orientação na esfera da Justiça. Seus objetivos principais são garantir a efetiva aplicação do Estatuto do Idoso, prover a comunidade do DF de informações, promover articulação com instituições para atendimento de demandas e assessorar autoridades competentes.

A Lei 10.741/2003, em seu artigo 102 define como crime a apropriação indébita de bens de pessoas idosas. Determina o art. 102 que “apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade” constitui crime punível com pena de reclusão de um a quatro anos e multa. A violência contra a pessoa idosa, constitui violência financeira e econômica a exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou o uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. O mesmo documento define outros seis tipos de violência que podem ser cometidos contra essas pessoas.

A violência física diz respeito ao uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte. A violência psicológica consiste em agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social. A violência sexual refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou heterorrelacional, utilizando pessoas idosas, que visam obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. O abandono também é um tipo de violência manifestado pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. A negligência e a autonegligência também são vistas como formas de violência.

A Negligência, consiste na recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais, e autonegligência, diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover os cuidados necessários a si mesma. A Lei prescreve como crime, em seu artigo 98, "abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado". A pena prescrita para essa conduta é de detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

No que diz respeito à habitação, estabelece o artigo 37 que “o idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim, o desejar ou ainda, em instituição pública ou privada”. Em seu parágrafo 1º, explica que “a assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família”. A norma ainda estabelece que “toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa visível sob pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente”, e também que “as instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei”. O artigo 38 prossegue explicando que "nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria". O artigo explicita a "reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos idosos", a "implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso", a "eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso" e os "critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão". A norma ainda tem o cuidado de ressaltar que "as unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavimento térreo". (TJDFT/IMPRENSA).

Reflexão: “ Vivo o que me resta, mesmo na avaria Quero a velhice plena, de sabedoria Numa sociedade justa de minha decência. Porque na vida sou hábil experiência. Não quero ser seu óbice, ser empecilho. Nem o estorvo a atrapalhar, ser obstáculo. Muito menos a insapiência, incapacidade. Nem ser devoluto confesso da ociosidade. Não quero ser sinônimo de morte. Tampouco o desamparo da sorte. Nem ser abandonado na solidão. Não desejo ser objeto de cavilação. Não quero ser considerado sapato velho. Nem o remorso da violência, (é um conselho). Não quero ser qualificado de desperdício. Nem tampouco caderno de rascunho, enguiço. Quero a merecida gratidão de colibri. Ser reconhecido ao que produzi. Quero o respeito pelas falsas ilusões. E pelos concretos que deixo, das convicções. Quero a dignidade da longevidade. Do progresso fiz parte, na possibilidade. Quero dos direitos civis, bom tratamento. Quero o amparo, respeito e reconhecimento. Não quero ser seu óbice, ser empecilho. Nem o estorvo a atrapalhar, ser obstáculo. De ingratidão, só aceito a do implacável tempo. Por minha perecível e inegociável degradação”. (Velhice do Abandono! - Lufague – Poemas Sociais).

Considerações: Vivemos cada dia em um mundo desumano e individualista, a sociedade, a família, os filhos, os parentes próximos e o Estado, precisam ser compelidos por normas sisudas para cuidar daqueles que fizeram tantos por nós, se houvesse respeito, amor, carinho e dedicação daqueles que integram o ciclo familiar do idoso e o cumprimento das obrigações do próprio Estado, não precisaríamos de normas, pois estaríamos moralmente comprometidos a cuidar daqueles idosos que se dedicaram a família e contribuíram para o Estado com muito esforço e suor. Mesmo com esta gama de normas protetoras do idoso, nos deparamos ainda com inúmeras injustiças e covardias em face do idoso. Agora vem uma pretensa reforma previdenciária para dificultar mais ainda a vida do futuro idoso. Até quando, vamos aceitar isto?

FONTE: INSTITUCIONAL/IMPRENSA – TJDFT.

(LUFAGUE – POEMAS SOCIAIS ).

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11 Comentários

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Dr. Euclides Araújo, congratulações pelo excelente artigo, conciso e fundamentado. É lastimável que precisemos desse tipo de legislação. Que tenhamos a oportunidade de ver essas leis caírem em desuso, que voltemos a ser um país solidário e fraterno. continuar lendo

Obrigado Doutora pelas palavras e pelo apoio,, vamos lutar para que este dia venha acontecer o mais breve possível com a conscientização das pessoas, principalmente, os jovens. continuar lendo

Parabéns ao caro Dr. Euclides, por abordar tema tão precioso a todos. Ou que deveria ser, pois todos serão idosos um dia, salvo os que partirem intempestivamente.

A indiferença com que idosos são tratados ainda, em nossa sociedade é como um filme de terror classe B.
Apesar da Lei específica, das campanhas de apoio ao idoso, dos órgãos públicos direcionados à proteção da idade avançada, a todo momento vislumbramos o abandono, a indiferença, a ingratidão.

Povos considerados "menos evoluídos" como os nossos silvícolas, os pele-vermelhas americanos, os asiáticos pobres, tratavam e tratam seus idosos com mais humanidade do que se observa nas modernas nações tecnológicas. Os índios sempre tiveram e respeitaram o "Conselho dos Anciões da Tribo". Já a modernidade é quase exclusivamente dirigida à juventude, em suas expressões social, econômica, de consumo e de relacionamento.
Todo o sapato velho um dia foi novo e reluzente. E a indiferença que se nota em famílias, até abonadas, seria minorada se os mais jovens percebessem a força da constatação, de que nós somos, antes de tudo, o que os velhos nos fizeram ser.
Respeito e gratidão também conferem dignidade, mesmo à míngua de superlativos recursos materiais.
Sentir-se útil (e pois importante) é a maior recompensa do ser humano.

Como disse o personagem de Schwarzenegger, no último filme da série Exterminador do Futuro: -"Velho sim, obsoleto não!" continuar lendo

Meu nobre colega Sergio Abib, além das considerações do texto ora publicado, faço de suas palavras, as minhas palavras, trata-se de uma triste realidade da qual devemos lutar para reverter este nosso quadro tétrico brasileiro, como você bem disse, não podemos olvidar, todos vão envelhecer, salvo aqueles por acidente de percurso que deixam esta vida de forma prematura por motivos aleatórios e imprevisíveis nesta longa estrada da vida. continuar lendo

sem duvida nenhuma Sergio Abib de Castro se os mais jovens percebessem a força da constatação, de que somos , antes de tudo, o que os velhos nos fizeram ser., fato eu vivo isso o abandono dos meus irmãos em relação a meu pai ja falecido e hoje com minha mãe, que fez muito por eles e o reconhecimento hoje é o abandono continuar lendo

É doutor Euclides, lembro do meu pai cuidando do meu avô, não precisou de lei pra ele saber que tinha que cuidar dele com carinho e respeito. Meu pai anda não precisa da minha ajuda só do meu respeito e do meu carinho, no dia que precisar estarei com ele, parabéns pelo assunto colocado. continuar lendo

um texto Divino, são palavras de muito respeito aos idosos, eu cobrei e cobro todos os direitos de minha mãe na justiça e tenho recebido respaldo para poder mantê-lá , ela tem 87 anos apesar da doença é uma pessoa feliz, não tirei ela co convivio da sociedade, ela conversa e dá risada com todos é alegre, fico feliz de ver um profissional escrever um texto como este , pois como bem colocou bobagem quem acha que não vai ficar velho continuar lendo

Parabéns Ana, além de defender os idosos, devemos mais ainda honrar pai e mãe, pois eles dedicaram suas vidas para cuidar de nós e gora, nada mais justo e divino do que retribuir o amor, o carinho e a dedicação a eles que além de pais são nossos verdadeiros amigos. continuar lendo